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Brasil quer incluir açúcar em negociação comercial com os EUA
Governos Lula e Trump iniciam tratativas para tentar evitar tarifaço prometido por republicano
Publicado em 10/03/2025 às 09h32
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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta negociar melhores condições para o açúcar brasileiro no mercado americano nas tratativas com os Estados Unidos após as ameaças de tarifaço feitas pela gestão Donald Trump.

Ministros e técnicos de Lula tiveram nesta semana conversas com os principais auxiliares de Trump na área comercial. O principal objetivo do Brasil é tentar evitar a imposição de tarifas prometidas pelo republicano em produtos como aço, alumínio e etanol.

Até o momento, a maior queixa do governo Trump com o Brasil tem relação com o imposto praticado sobre o etanol americano. O país aplica uma tarifa de 18%, enquanto os americanos cobram 2,5%. A diferença é citada por Washington como um dos exemplos de atitudes comerciais injustas de outros governos com os EUA.

Para aceitar maior abertura para o etanol americano, o governo Lula quer colocar sobre a mesa de negociações o açúcar exportado para os EUA.

Os EUA têm uma cota de 146,6 mil toneladas de açúcar brasileiro isenta de imposto de importação. Acima disso, o que entra no mercado americano é taxado em 80%.

No ano passado, o Brasil vendeu 1,12 milhão de toneladas de açúcar aos EUA —de um total global exportado de 38,2 milhões de toneladas.

Conquistar melhores condições para o açúcar é visto pelo governo Lula como uma forma de equilibrar eventuais perdas que as usinas brasileiras possam ter com a entrada de maior volume de etanol americano no país.

As usinas de etanol também têm capacidade para produzir açúcar e, assim, poderiam se beneficiar do ganho de mercado nos EUA.

Colocar o açúcar nas tratativas também atende a outro objetivo do governo: manter as negociações com os americanos dentro do mesmo setor e evitar acordos que envolvam produtos de áreas diferentes, como seria o caso de trocar a abertura do mercado do álcool combustível para os EUA pela suspensão da tarifa sobre o aço nacional.

Nesta semana, houve duas conversas de autoridades brasileiras com auxiliares de Trump. Na quinta (6), o vice-presidente Geraldo Alckmin encabeçou uma videoconferência com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e com o representante de Comércio americano, Jamieson Greer.

Assessores do governo Lula dizem, sob reserva, que Alckmin deve ser o principal interlocutor com a gestão Trump no tema das disputas comerciais.

A videoconferência serviu para aprofundar o diálogo sobre os interesses setoriais de cada país. Segundo relato de pessoas a par das discussões, a ideia é levantar informações técnicas sobre cada tema em busca de avanço das negociações.

Na lista de pleitos, os EUA também sinalizaram que querem melhores condições para o milho americano entrar no Brasil.

Nesse tema, autoridades brasileiras argumentam que a isenção do imposto de importação sobre o milho, anunciado como parte do pacote para conter a inflação dos alimentos, pode acabar servindo aos interesses do Brasil nas tratativas com os EUA ao beneficiar produtores americanos.

Na conversa com os auxiliares de Trump, Alckmin pediu ainda o adiamento da cobrança de tarifa de 25% sobre aço e alumínio importados do Brasil. Em resposta, os americanos disseram que levariam o pleito para consideração do presidente dos EUA.

No caso do aço, um dos pontos que o governo Lula tem levantado é que o Brasil importa grande quantidade de carvão metalúrgico dos EUA para fabricar a liga. Outro argumento usado é que o aço brasileiro semiacabado exportado é utilizado, na sua grande maioria, como insumo da produção siderúrgica americana.

Nesta sexta (7), o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) teve uma videoconferência com Greer. Eles acertaram que as equipes técnicas dos dois países vão se reunir na próxima semana para discutir a situação das tarifas sobre aço e alumínio.

Em fevereiro, as exportações do Brasil para os Estados Unidos cresceram 22,9% e para o Canadá, 44,2%, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) divulgados nesta sexta.

Para o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão, a política comercial de Trump ainda não é suficiente para influenciar o resultado da balança comercial brasileira. "Provavelmente não tem nenhum efeito", disse.

"Mudança de terceiros parceiros não surte efeito tão rápido, e efeito que é indireto no Brasil. É cedo para fazer qualquer afirmação nesse sentido. Não é consequência dessas tarifas, da guerra comercial e do que vem sendo veiculado desde o começo do ano", acrescentou.

No mês passado, a balança comercial brasileira registrou déficit de US$ 323 milhões –o primeiro desde janeiro de 2022. O resultado foi influenciado pela compra de uma única plataforma de petróleo de uma empresa chinesa, no valor de US$ 2,7 bilhões. Em fevereiro, as exportações somaram US$ 22,93 bilhões e as importações, US$ 23,25 bilhões.
Ricardo Della Coletta e Nathalia Garcia
Fonte: Folha de S. Paulo
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