União Nacional da Bioenergia

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Transição que vem do campo
Novos caminhos da produção energética têm enorme potencial de estimular a diversificação e resiliência da agricultura brasileira
Publicado em 02/10/2024 às 14h17
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A transição energética é o processo de mudança de um sistema de energia baseado em combustíveis fósseis para um que privilegia fontes renováveis e tecnologias de baixa emissão de carbono, visando reduzir os impactos ambientais e combater as mudanças climáticas. Múltiplos setores contribuem com a transição energética, incluindo os de energia, transporte, construção civil, indústrias química e de materiais e agricultura, dentre muitos outros.

O Brasil foi um dos primeiros países a abraçar a transição energética, desempenhando um papel pioneiro na promoção de uma matriz energética mais limpa a partir da agricultura. Exemplo desse protagonismo foi o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), lançado na década de 1970, que incentivou a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar e colocou o país na vanguarda da produção de biocombustíveis.

Nos últimos anos, a demanda global por energia renovável tem crescido de forma acelerada, processo que promete desencadear uma nova onda de desenvolvimento para a agricultura brasileira. O projeto de lei "Combustível do Futuro", em tramitação no Congresso Nacional, propõe novos avanços no desenvolvimento da indústria nacional de biocombustíveis, alinhando o Brasil com compromissos ambientais globais.

Os setores de transporte aéreo e marítimo, que enfrentam pressão para descarbonizar suas operações, irão marcar o mercado de biocombustíveis no futuro. A demanda por combustível sustentável de aviação (sustainable aviation fuel, ou SAF) está em expansão vigorosa, oferecendo um vasto potencial de negócios para os participantes preparados para adentrar esse segmento emergente.

Espera-se, portanto, que a crescente demanda por etanol, biodiesel e SAF impulsione ainda mais a produção agrícola no Brasil, com dinamização das cadeias da cana, da soja e do milho, que têm sido os principais provedores de biomassa para produção de energia renovável no Brasil. A ampliação da capacidade de produção dessas biomassas para suprir o mercado de combustíveis renováveis produzirá impactos para além da dimensão energética.

Um exemplo é a soja, grão do qual de 18%a 20%do peso total é de óleo, que pode ser usado para produção de biodiesel e SAF. Entre 80% e 82% do peso restante da soja é farelo, uma importante fonte de proteínas que é amplamente utilizada na alimentação animal e na fabricação de produtos alimentícios. Situação semelhante ocorre com as biomassas amiláceas, como sorgo e milho, que, quando processadas para produzir energia, geram coprodutos que ajudam a reduzir os custos de produção de carnes e produtos industriais, com impactos no mercado interno e nas exportações.

E temos ainda enormes possibilidades de diversificação de fontes de biomassa para fins energéticos, o que já ocorre com a tropicalização da canola e a domesticação da macaúba, que são prioridades da Embrapa. São exemplos que mostram que a transição energética tem enorme potencial para estimular a diversificação e a resiliência da agricultura brasileira, abrindo novas possibilidades de negócios e desenvolvimento regional, com benefícios para toda a cadeia agroindustrial.

*Maurício Antônio Lopes é engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural
Maurício Antônio Lopes
Fonte: Globo Rural
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