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Como a eleição nos EUA pode impactar o futuro dos carros no Brasil
Publicado em 04/10/2024 às 16h41
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A vitória de Kamala ou Trump pode impacto o cenário automotivo brasileiro
Imagem: Jeff Swensen
As eleições americanas de 2024 prometem influenciar o mercado automotivo mundial, e o Brasil não ficará fora dessas repercussões. A disputa, principalmente em relação à política comercial e ambiental, pode ter impactos diretos e indiretos na indústria automotiva brasileira, especialmente em áreas como os veículos elétricos e a presença crescente das montadoras chinesas, como a BYD.

A marca chinesa e a Tesla adiaram ou reavaliaram seus planos de expansão no México devido às incertezas em torno do resultado eleitoral nos Estados Unidos. Caso Donald Trump seja eleito, há a possibilidade de um endurecimento nas tarifas sobre produtos mexicanos, prejudicando a exportação de veículos para os EUA. Isso pode alterar as estratégias globais das montadoras que utilizam o país como um hub de produção e exportação.

No entanto, essas tensões podem abrir oportunidades para o Brasil. Com o México potencialmente sob novas barreiras comerciais, nosso país poderia atrair parte dos investimentos inicialmente previstos para a América do Norte.

A BYD, por exemplo, já investe por aqui, com a implantação do complexo industrial na Bahia, focando na produção de veículos elétricos para o mercado local e exportação.

O Brasil como alternativa para montadoras chinesas

Com as barreiras comerciais dificultando cada vez mais a entrada das marcas chinesas nos EUA, mesmo quando os produtos não são fabricados na China, o Brasil pode se consolidar como o maior mercado para veículos elétricos asiáticos no ocidente.

Já em 2023, o país viu um aumento expressivo nas importações de automóveis elétricos, colocando o Brasil como um dos principais destinos para as fabricantes que buscam expandir fora do território americano.

Além disso, caso uma política mais protecionista prevaleça nos Estados Unidos, a América Latina, e especialmente o Brasil, poderá ser vista como uma zona de escape para as empresas chinesas. Isso pode resultar em uma concorrência mais acirrada no setor, beneficiando o consumidor brasileiro com preços mais competitivos e uma maior oferta de veículos. O desafio será fazer o mercado absorver todo esse volume.

Desafios para o crescimento dos elétricos no Brasil

Apesar das oportunidades, o Brasil enfrenta uma série de desafios internos para sustentar o crescimento do mercado de veículos eletrificados. Em entrevista, o consultor automotivo Ricardo Bacellar ressaltou problemas cruciais que podem dificultar a expansão do setor.

Um dos maiores gargalos está na "infraestrutura de recarga", que não acompanha o ritmo de crescimento da frota de veículos elétricos. Bacellar explica que isso pode frustrar os consumidores à medida que mais veículos entram no mercado e menos pontos de recarga estão disponíveis.

Outro ponto crítico é o pós-venda. À medida que o mercado de veículos elétricos cresce no Brasil, começam a surgir problemas relacionados à "disponibilidade de peças e mão de obra especializada". Bacellar destaca que, sem uma rede de suporte eficiente, o consumidor poderá sofrer com carros parados por longos períodos, prejudicando a imagem das montadoras e a confiança no mercado.

Eterno país do futuro?

O Brasil tem vantagens inegáveis para liderar a transição para a eletrificação, como sua matriz energética limpa e diversificada. "Ironia do destino, o Brasil é um país perfeito para ter carro elétrico", destaca Bacellar. No entanto, como explica a especialista, essas vantagens não serão suficientes sem uma infraestrutura adequada e uma rede de suporte

O país precisará resolver esses desafios internos e aproveitar as oportunidades globais. As eleições americanas podem até influenciar a estratégia de montadoras, mas, no fim das contas, o verdadeiro teste será se o Brasil conseguirá modernizar sua infraestrutura e adaptar sua indústria para o futuro elétrico.
Paula Gama
Fonte: UOL
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