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Embargo da UE ao petróleo russo deve sufocar Moscou
Publicado em 04/05/2022 às 09h14
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Em poucas semanas se inverteram de forma dramática as suposições sobre até que ponto a Rússia estava preparada para ir em sua guerra contra a Ucrânia --- e até onde os países ocidentais avançariam em resposta. A União Europeia (UE) está à beira de um embargo escalonado às exportações de petróleo da Rússia, na linha de iniciativas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Esta é uma medida muito importante, mas arriscada. Os EUA temem que uma ação muito rápida eleve os preços mundiais do petróleo; e a Alemanha tem alertado para seu impacto econômico, apesar de indicar que apoiará um embargo. Mas se ele for feito com cuidado, os custos podem ser contidos. E o sofrimento para a Rússia é, em última análise, muito maior.

Embora as exportações russas de gás costumem ser as que mais chamam a atenção, Moscou ganha muito mais com a venda de petróleo e derivados --- é a maior fonte individual de renda para o regime e a máquina de guerra do presidente Vladimir Putin. O grupo de pesquisa Rystad Energy estima que preços mais altos significam que o Kremlin deve gerar US$ 180 bilhões em receitas de impostos sobre o petróleo este ano -- o equivalente a 60% do orçamento federal de Moscou em 2022.

Boicotar sem elevar preços

O problema para as democracias tem sido como interromper os fluxos russos de petróleo sem elevar seus preços a tal ponto que derrubem a economia mundial --- por isso alternativas como tarifas punitivas ou um teto de preço estão em análise.

O petróleo disponível é escasso; estima-se que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes tenham capacidade suficiente para substituir quase todo o petróleo que a UE compra da Rússia, mas ainda não se sabe se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os produtores de xisto dos EUA estão prontos para aumentar a produção tão rapidamente quanto necessário.

As capitais ocidentais também estão ansiosas para garantir que os preços mundiais mais altos e a capacidade de desviar parte das exportações para outros países não permitam que a Rússia mantenha sua receita com o petróleo estável.

"Mercados amigos"

Um embargo da UE implementado gradualmente até o fim do ano dá mais tempo para o engajamento em uma diplomacia intensiva para garantir fontes de abastecimento alternativas e resolver a logística. Enquanto isso, Putin já orientou seus ministros a elaborarem planos para novas infraestruturas de exportação para atender a "mercados amigos". No entanto, desviar o fornecimento para novos compradores será mais difícil para Moscou do que muitos imaginam.

O petróleo depende muito menos de oleodutos para ser entregue do que gás de gasodutos. Mas o Ocidente compra 70% das exportações de petróleo e derivados da Rússia, e a maior parte dos oleodutos e das rotas marítimas de exportação de Moscou apontam para o Ocidente. O único oleoduto de Moscou para a China -- que compra apenas um quinto de seu produto -- opera em capacidade máxima.

Redirecionar o envio do petróleo por mar para grandes importadores asiáticos, como a China e a Índia, exigiria dezenas de superpetroleiros que fizessem viagens de várias semanas desde os portos russos do Mar Báltico e do Mar Negro. Muitas empresas de navegação podem recusar essas cargas por medo das sanções --- e fornecedores rivais lutarão para preservar sua participação de mercado.

A geologia complicada dos campos de petróleo da Rússia também significa que ela não pode desativar o fornecimento tão facilmente como, por exemplo, a Arábia Saudita. Se os poços russos forem tampados por não haver compradores, pode se tornar difícil, ou mesmo inviável, reabrir muitos deles. Alguns analistas argumentam que isso dá às capitais ocidentais uma influência considerável ante um presidente russo que se depara com a perda de mercados de exportação e danos duradouros para um dos carros-chefes da economia do país.

Elas poderiam oferecer --- em troca do cessar-fogo na Ucrânia --- a permissão para que as exportações russas continuassem, mas desde que os clientes pagassem em uma conta caução, da qual Moscou só pudesse sacar dinheiro para compras essenciais. Ou poderia ser imposto uma taxa punitiva, com os rendimentos destinados à reconstrução da Ucrânia. A ideia de que Putin ceda a tais arranjos pode parecer fantasiosa. De fato, quanto mais enfrenta dificuldades, mais ele aumenta o tom de suas ameaças. Mas, há algumas semanas, um embargo do petróleo também parecia impensável.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA
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