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A “supercana” de Eike Batista pode estar perto de virar realidade
Publicado em 26/02/2025 às 08h03
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Eike Batista está passando o chapéu para seu projeto da “supercana” – um sonho antigo do empresário, que promete revolucionar o agronegócio com uma cana-de-açúcar capaz de produzir três vezes mais etanol e 12 vezes mais biomassa que a tradicional.

Assim como a cana tradicional, a “supercana” tem aplicações na produção de etanol, do combustível sustentável de aviação (SAF) e em embalagens feitas a partir do bagaço que substituem o plástico.

Batista anunciou nesta terça-feira, 25, que fechou uma captação de US$ 500 milhões com o fundo de infraestrutura estruturado por Mário Garnero e que tem como investidor o ADIG (Abu Dhabi Investment Group), dos Emirados Árabes, e o próprio Garnero.

Os recursos serão usados para a aquisição e operação do que o empresário chama de primeiro módulo do projeto da “supercana”: 70 mil hectares de terra, ao redor do Porto do Açu, onde a variedade será plantada. Quando estiver 100% operacional, este módulo terá capacidade de produzir 1 bilhão de litros de etanol por ano e 1 milhão de toneladas de biomassa.

Garnero – o banqueiro do Brasilinvest conhecido por seu trânsito internacional – avaliou o negócio em US$ 1,6 bilhão post money. Em troca da injeção de capital, o fundo vai ficar com 40% deste módulo. O interesse do fundo de Abu Dhabi tem a ver com a produção de SAF para a Emirates, a companhia aérea do reino.

Um segundo módulo de produção inclui terras no Brasil e uma planta na Flórida que beneficiará a biomassa. Ele será financiado com o lançamento de um token que leva o nome do empresário: $EIKE.

“Fui pioneiro em 2006 com o IPO da MMX e seis outros IPOs. Dessa vez, vamos ser pioneiros no mundo com o initial coin offering (ICO) de um token lastreado em um ativo real e com uma escala enorme”, disse Eike Batista.

O objetivo é vender 100 milhões tokens a US$ 1 cada, levantando US$ 100 milhões. A venda será feita principalmente para investidores nos EUA e os detentores do token terão direito a receber 10% dos lucros futuros do projeto.

O empresário disse que os fundadores do token – desenvolvido no blockchain da Solana – terão um lock-up de quatro anos para poder negociar o ativo, prazo que ele considera necessário para que o empreendimento passe a dar lucro.

O plano do empresário é desenvolver um número indeterminado de módulos. Cada módulo começa com o plantio de 50 hectares no primeiro ano, mil hectares no segundo e 20 mil no terceiro. “No quarto ano, já esperamos que cada módulo esteja gerando caixa e tenha um Ebitda de US$ 5,9 bilhões”, disse ele.

Considerando este Ebitda e atribuindo um múltiplo de 10,5 vezes, Eike Batista disse que o valuation de cada módulo pode chegar a US$ 63 bilhões na maturidade.

A “supercana” não é exatamente um projeto novo. Ela foi desenvolvida há mais de 20 anos por dois brasileiros: o administrador Luis Carlos Rubio e o agrônomo Sizuo Matsuoka.

Em 2002, Rubio trabalhava na Votorantim Novos Negócios, o braço de investimentos do grupo Votorantim, que fez um aporte nos estudos de melhoramento genético de cana-de-açúcar conduzidos por Matsuoka, naquela época um pesquisador da UFSCar.

Desse investimento nasceu a CanaVialis, que foi vendida em 2008 para a Monsanto, que descontinuou o negócio em 2015.

Em 2011, Rubio e Matsuoka deixaram a CanaVialis e fundaram a Vignis, que passou a ser bancada por Eike Batista em 2015, quando ele chegou a desenvolver a “supercana” em algumas áreas próximas ao Porto do Açu.

Dois anos depois, com a derrocada e prisão de Eike, a Vignis acabou paralisada, perdeu clientes importantes e entrou em falência.

No ano passado, Eike Batista procurou novamente os dois empreendedores para tentar ressuscitar o projeto, fechando um acordo para ganhar uma participação na empresa detentora da tecnologia e da patente das 17 variedades da “supercana”, a BRXe, caso tenha sucesso na captação de recursos para o projeto.

“Este é o maior aprimoramento genético das últimas décadas para a cana-de-açúcar. São dois brasileiros que deveriam ser sugeridos para o Nobel”, disse Batista ao Brazil Journal.

“Eles passaram 11 anos cruzando 300 mil espécies por ano de cana e chegaram em espécies mais resistentes a pragas, secas e que tem uma produtividade muito maior. Essas ‘supercanas’ foram plantadas por quatro anos em uma usina de referência no Brasil e comparadas com a cana tradicional, a mais plantada no Brasil”, completa.

Segundo Eike Batista, enquanto a cana tradicional produz 58 toneladas por hectare, as cinco principais variedades da BRXe produzem em média 181 t/ha, com a variedade mais produtiva alcançando 208 t/ha.

Outro uso potencial para a “supercana” é a transformação de sua biomassa em plástico sustentável, um uso que Eike disse já estar comprovado.

“Devido a nossa tecnologia com resinas especiais, o bagaço da nossa ‘supercana’ pode substituir o plástico. Dá para fazer vários produtos que substituam o plástico, o que é central para a transição energética que o Brasil vai liderar,” disse ele. “Enxergamos que, nos próximos 5 a 10 anos, tudo que está plantado com o etanol tradicional vai ser gradativamente replantado com a ‘supercana’.”

 
Por Pedro Arbex
Fonte: Brazil Journal
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