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Como a Fórmula 1 tenta cumprir meta de combustível sustentável
Automobilismo enfrenta desafios em meio a urgência de mudanças gerada pela crise climática
Publicado em 02/10/2024 às 09h44
Foto Notícia
Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1 de 2022
Photo by Arthur Thill ATPImages/Getty Images
À medida que a crise climática piora, a Fórmula 1 busca maneiras de usar menos carbono, que contribui para o aquecimento do planeta, e se tornar mais sustentável.

Como muitos outros esportes, a Fórmula 1 se comprometeu a atingir a neutralidade carbônica até 2030, o que significa que os responsáveis ​​pela modalidade prometem reduzir drasticamente sua poluição de carbono e remover da atmosfera qualquer resíduo restante.

Em um passo em direção a essa meta, as equipes de F1 serão obrigadas a usar combustíveis 100% sustentáveis ​​a partir de 2026. Atualmente, os carros já usam 10% de biocombustível etanol.

À medida que os fãs se familiarizaram com termos como “carbono neutro” nos últimos anos, e entenderam o que isso significa para o futuro do automobilismo altamente poluente, um tipo de combustível pode ter o potencial de mudar o jogo completamente: o combustível sintético.

Como funcionam as alternativas ao combustível fóssil?

Os combustíveis sintéticos visam ser neutros em carbono, e aqueles usados ​​em corridas são feitos pela combinação de carbono e hidrogênio — para fazer hidrocarbonetos —, assim como a gasolina usada em carros hoje.

A diferença é que, em vez de usar petróleo, que polui e aquece o planeta, o carbono em combustíveis sintéticos é sugado do ar com filtros, enquanto o hidrogênio vem da água usando o processo de eletrólise, alimentado com fontes de energia renováveis ​​como eólica e solar.

Uma empresa que usa esse processo é a Zero Petroleum, que está produzindo réplicas livres de fósseis dos materiais básicos usados ​​em gasolina, combustível de aviação e diesel. Os veículos podem então rodar com esses combustíveis sem nenhuma modificação.

Embora os combustíveis Zero e sintéticos como um todo estejam gerando muita empolgação nomeio do automobilismo, a realidade é que provavelmente não os veremos na Fórmula 1, NASCAR ou Fórmula Indy tão cedo.

Hidrogênio verde é, atualmente, muito mais caro

O produto é incrivelmente caro. A CNN ouviu recentemente no evento Fuel Reinvented, da Zero, na Inglaterra, que ele era cerca de quatro vezes mais caro que a gasolina, o que naturalmente dificulta a capacidade de torná-lo amplamente disponível para uso no automobilismo.

A eletrólise da água usando energia renovável produz o que é conhecido como hidrogênio verde, mas o processo é caro e requer enormes quantidades de energia renovável.

De acordo com o site “BloombergNEF”, o custo médio de produção do hidrogênio verde em 2023 foi de US$ 6,40 por quilo. Em comparação, o hidrogênio cinza — que é feito de combustíveis fósseis — custou US$ 2,14 por kg.

Expectativa de queda de preço no combustível sintético

A Hydrogen Insight relatou, em 2023, que o primeiro combustível sintético feito de hidrogênio verde e CO2 no projeto piloto Haru Oni ​​da fabricante de automóveis alemã Porsche, no sul do Chile, era mais de 100 vezes mais caro do que a gasolina.

A Zero, no entanto, acredita que o preço cairá nos próximos anos, à medida que a empresa cresce e aumenta seus níveis de produção. A pesquisa da Bloomberg sugere que o preço do hidrogênio verde ficar abaixo do cinza até o final da década atual.

“Esses combustíveis serão produzidos em grandes quantidades eventualmente, em algumas décadas”, disse o fundador da Zero, Paddy Lowe, à CNN no evento, em julho.

“Acredito que todos os combustíveis serão feitos dessa forma, e não usaremos mais combustíveis fósseis. Então, esse é um futuro muito, muito emocionante.”

A Fórmula 1 está perdendo a corrida para o Net Zero?

O fundador da Zero, que trabalhou na Fórmula 1 entre 1987 e 2019 em cargos de diretoria técnica na Williams, McLaren e Mercedes, vê com bons olhos a abordagem do automobilismo à sustentabilidade.

Lowe exalta a iniciativa da F1 de usar combustíveis 100% sustentáveis ​​a partir de 2026, dizendo que o esporte é “uma grande plataforma para desenvolver novas tecnologias, melhorá-las e levar ao público geral”.

Mas, nessa posição de exemplo, o quão perto de chegar ao status de Net Zero está, de verdade, a Fórmula 1?

O que é Net Zero?

Aqui, vale uma breve explicação. O Net Zero é um termo que vai além da neutralidade do carbono, incluindo outros gases de efeito estufa emitidos na atmosfera, entre eles metano, óxido nitroso e outros hidrofluorcarbonetos.

No futuro, a F1 diz que usará combustíveis neutros em carbono como os que a Zero produz.

De acordo com a categoria, eles serão criados a partir de uma “combinação de fontes biológicas não alimentares, fontes de resíduos genuínas ou carbono extraído do ar” e serão combustíveis “drop-in”, que não exigem que o motor ou o sistema de combustível sejam adaptados.

Avanços na Fórmula 2 e 3

Em 2023, carros de categorias como Fórmula 2 e Fórmula 3 começaram a usar uma mistura de combustível sustentável de 55%.

Há questões morais apontadas com a parceria da F1 com a Aramco. A empresa foi criticada no passado por “greenwashing”, dado que a maioria de sua produção é de combustíveis fósseis.

Além disso, alguns especialistas sugerem que a energia elétrica, uma alternativa significativamente mais barata aos combustíveis sintéticos, seria uma maneira muito mais eficiente de descarbonizar o esporte do que o combustível sintético. Mas há obstáculos.

Exclusividade da Fórmula E atrapalha carros elétricos na F1

Ex-presidente da FIA, Jean Todt disse em 2021 que “simplesmente não era possível” que o campeonato se tornasse totalmente elétrico em um futuro próximo devido às longas distâncias das corridas. Os carros elétricos, disse ele, não teriam capacidade de percorrê-las sem recarga.

Além disso, a Fórmula E detém os direitos exclusivos de uma competição de monopostos totalmente elétricos até 2039.

E nem é preciso dizer que a F1 pode enfrentar uma rebelião aberta por causa da falta de som do motor por parte de seus fãs, muitos dos quais ainda anseiam pelo barulho das unidades V8 que foram substituídas em 2014, no início da era turbo-híbrida.

Embora mudar a forma como os carros são movidos seja, sem dúvida, um passo positivo, o esporte precisará fazer mudanças drásticas se quiser atingir sua meta até 2030.

Combustível dos carros de Fórmula 1 é o menor dos problemas

O combustível dos carros corresponde a menos de 1% da pegada de carbono geral da F1, enquanto a logística — como o transporte de carros, peças e equipamentos de um país para outro entre as corridas — responde por 49%.

Com o calendário da F1 se expandindo para um recorde de 24 corridas este ano, reduzir as emissões – e rapidamente – será um grande desafio.

A F1 tem como objetivo optar por combustível de aviação sustentável e aumentar o uso de frete marítimo para ajudar a reduzir as emissões. Ela também usou uma frota de 18 novos caminhões abastecidos por biocombustível em nove fins de semana de corrida europeus em 2023.

Queda de 13%, mas ainda longe da meta

De acordo com o último relatório de impacto da F1, o esporte ainda tem um longo caminho a percorrer.

As emissões em 2022 caíram 13% em relação a 2018, mas ainda estão bem longe da meta de redução de 50% até 2030, com o restante sendo mitigado por meio da compensação de carbono — tomando medidas separadas, como plantar árvores, um método um tanto controverso de compensar o CO2 adicionado à atmosfera.

A Fórmula 1 certamente deu alguns passos na direção certa, mas ainda não se sabe se ela conseguirá atingir seus objetivos antes da bandeira quadriculada.
Sam Joseph
Fonte: CNN
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