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Cresce urgência de se reinventar entre empresas do agronegócio
Pesquisa aponta que 44% dos CEOs do setor acreditam que suas empresas não serão viáveis por mais de dez anos se não se reinventarem
Publicado em 05/02/2025 às 09h23
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O cenário de mudanças climáticas e transformação digital faz crescer a urgência das empresas se reinventarem. No agronegócio brasileiro, 44% dos CEOs acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem, de acordo com a 28ª edição da Global CEO Survey, pesquisa da PwC que ouviu 4,7 mil líderes em mais de cem países, incluindo Brasil. Na edição do ano passado, esse índice era de 31%.

“A necessidade de reinvenção é urgente e a gente tem visto movimentos relevantes de empresas buscando novos negócios, seja revisitando o modelo de negócios, mudando estratégia, buscando parcerias. Os executivos estão sendo pressionados pelas mudanças muito rápidas globalmente. As tecnologias chegando e desafiando negócios. É preciso estar atento para não ser surpreendido pelas mudanças do mercado e acabar ficando de fora”, afirmou Mauricio Moraes, sócio e líder do setor de agribusiness da PwC Brasil e CEO do PwC Agtech Innovation.

Otimismo com economia

Os CEOs do agronegócio demonstram otimismo em relação à economia e ao próprio negócio neste ano. Do total, 66% dos líderes do setor esperam aceleração na economia global nos próximos 12 meses, ante 40% em 2024. O percentual é similar à média nacional de 68%, mas acima da média global, de 58%.

Em relação à economia brasileira, 76% dos CEOs do agronegócio estão otimistas, ante 69% em 2024. Entre os CEOs do Brasil, 73% estão otimistas com a economia nacional este ano. Para Moraes, o indicador está ligado em parte ao desempenho do agronegócio esperado para este ano.

“O ano passado foi bastante desafiador para o agronegócio e a visão é que este ano terá uma retomada. Setores como café, cacau e laranja tiveram bons resultados em 2024 e continuam fortes este ano. Há boas perspectivas em relação à proteína animal e açúcar, além da safra recorde de grãos”, afirmou o executivo.

Moraes acrescenta que, em relação ao cenário global, há uma expectativa de que a política tarifária do governo Trump nos Estados Unidos possa indiretamente favorecer as exportações brasileiras de grãos. Além disso, há expectativa de uma maior resiliência do setor em relação aos problemas geopolíticos internacionais.

Fatores de risco

Em relação aos próximos três anos, 66% dos CEOs do agronegócio demonstraram confiança, acima dos 55% da pesquisa de 2024 e também acima da média nacional de 54%.

Embora haja otimismo, também há preocupações com riscos que podem afetar o agronegócio. Entre os CEOs ouvidos, 56% consideram as mudanças climáticas como maior fator de risco para os seus negócios nos próximos 12 meses, índice bem acima da média nacional, de 21%. Ao mesmo tempo, 47% relataram aumento de receita com investimentos climáticos nos últimos cinco anos, acima da média nacional de 30%.

“O setor produtivo do agronegócio é uma fábrica a céu aberto. É natural que haja uma preocupação maior com riscos climáticos, principalmente com os eventos extremos enfrentados no ano passado, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca prolongada no Centro-Oeste e Sudeste”, afirmou Moraes.

A segunda principal ameaça, na visão dos CEOs do agronegócio, é a qualificação da mão de obra, citada por 38% dos ouvintes. A instabilidade econômica (30%), inflação (22%), conflitos geopolíticos (22%) e riscos cibernéticos (20%) também são citados por parcelas menores dos CEOs.

Moraes destacou a baixa preocupação com os riscos cibernéticos. “Só no Brasil, um terço das empresas, de todos os setores, enfrentaram perdas de pelo menos US$ 1 milhão nos últimos três anos com ciberataques e no agronegócio a ameaça não é diferente”, observou.

Busca pela reinvenção

Diante dos desafios, 44% dos líderes do agronegócio acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem, ante 31% na pesquisa de 2024.

Os dados da pesquisa mostram que a busca pela reinvenção já tem acontecido nos últimos cinco anos. Entre os entrevistados, 54% afirmaram que buscaram uma nova base de clientes, 48% desenvolveram produtos ou serviços inovadores e 44% firmaram parcerias com outras organizações. A busca por novas parcerias aumentou 11 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Moraes destacou que essas parcerias envolvem não só fornecedores e prestadores de serviços, mas também união com concorrentes na busca de novos negócios que ajudem a dar sustentabilidade ao negócio.

Dos CEOs do agronegócio, 36% investiram em novas estratégias de crescimento e 34% implementaram novos modelos de precificação.

Moraes também ressaltou que 44% dos CEOs do agronegócio afirmaram que suas empresas buscaram diversificar a receita nos últimos cinco anos. “Nesse sentido vimos aumento de investimentos em produção de biogás e biocombustíveis, que também estão entrelaçados com a preocupação com as mudanças climáticas”, afirmou o executivo.

Ele acrescentou que 62% dos CEOs do setor (59% no Brasil) afirmaram que sua remuneração variável está vinculada a métricas de sustentabilidade. Apenas 26% dos CEOs do setor disseram que investimentos climáticos aumentaram seus custos, enquanto quase metade relata aumento de receita.

IA generativa

A pesquisa da PwC mostrou um interesse crescente dos CEOs do agronegócio pela inteligência artificial (IA) generativa em seus negócios. Do total, 52% dos CEOs afirmam que a IA generativa resultou em ganhos de eficiência no uso do tempo dos funcionários e 26% identificaram aumento na receita. Em relação à lucratividade, 24% dos CEOs do agro dizem ter registrado ganhos.

Para este ano, 61% dos CEOs esperam que a IA generativa aumente sua lucratividade nos próximos 12 meses, ante 46% em 2024. “Isso mostra que o setor já está colhendo resultados positivos da IA e começa a projetar uma expectativa de resultados melhores”, disse Moraes. O executivo observou que as empresas relataram ganho de produtividade, com aumento da eficiência nas atividades e melhora na gestão de dados para tomadas de decisões.

Entre os entrevistados, 86% dos CEOs do setor planejam investir na integração da IA com plataformas tecnológicas em 2025, em nível bem acima da média nacional (69%).

Em relação ao futuro, 86% dos CEOs do setor de agronegócio disseram que investirão em integração da IA (incluindo a generativa) em plataformas tecnológicas nos próximos três anos. Do total, 82% afirmaram que investirão em IA para melhoria de processos de negócios e fluxos de trabalho e 64% usarão a tecnologia para reformular a estratégia de negócios.

Longevidade dos CEOs

Outro destaque da pesquisa é a longevidade dos CEOs do agronegócio no cargo em relação à média de todos os setores no Brasil.

Os dados revelam que 42% dos executivos esperam estar à frente do negócio por seis anos ou mais, um percentual muito maior do que o verificado nas médias do país (32%) e do mundo (30%).

Do total, 40% esperam permanecer na empresa por três a cinco anos. E 16% esperam ficar por até dois anos na companhia.
Cibelle Bouças
Fonte: Globo Rural
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